PASSO A PASSO: A CAMPANHA VITORIOSA DO POETA SONHADOR

Intervenção poética no lançamento do Jornal Tribuna Sergipe Del Rey, 1/7/2015


A decisão de engavetar meus livros de História e fazer a campanha para publicação do primeiro livro de poesia pelo Catarse foi tomada por duas razões: a) minha revolta em perceber que há uma década lançei “O manifesto em defesa da poesia diária nos jornais sergipanos”, ou seja, o livro atualiza ou amplifica a grita por mais poesia e menos violência na imprensa urubú; b) acenar para os tantos amigos artistas de Sergipe que o Catarse é uma alternativa viável não apenas para a música mas também para literatura. Em resumo, o Catarse pode ser difinido como uma ferramenta de crowndfunding (financiamento colaborativo de projetos culturais para as diversas linguagens artísticas).

A vitoriosa campanha “O poeta precisa sonhar, ajude” foi lançada no dia 24 de junho, com video produzido pela minha amada esposa Marcia Arévalo. Como sei do alcance limitado da internet levei a campanha para os recitais e todos os eventos da minha agenda. Fui agraciado com parceiros que abraçaram a causa, contribuindo para sua divulgação. Aqui devo lembrar que muitos compartilharam nas redes sociais, impossível citar a todos... O plano traçado junto com o artista Nivaldo Oliveira era arrecadar fundos para publicação do livro “São Cristóvão poética e xilogravada”. Nesta obra constará 30 poesias da minha lavra inspiradas no universo cultural da cidade, sua gente e seu belo patrimônio. Encerrada no último dia 24 de agosto, venho agradecer e compartilhar os principais atos da jornada.

As mobilizações dos amigos e simpatizantes, em alguns momentos, levou-me aos prantos. Não esquecerei que no dia do amigo recebi a notícia que Dinha da AMI (Associação da Melhor Idade) iria rifar um liquidificador para angariar R$ 300,00 reais em prol do livro que homenageará a sua amada cidade. Recordo suas palavras no dia da entrega do precioso recurso: “você merece!” Familiares de alguns personagens (Manoel Ferreira, Almerinda Parteira, Zé Véinho) que figuram nas poesias se cotizaram para ajudar na empreitada.

Não fiquei navegando na net, fui a campo, lutar pelo sonho. Uma juntada para recapitular os melhores momentos da campanha:


RECITAIS & ENTREVISTAS (TV E RÁDIO)

Entrevista na TVC São Cristóvão, com Nélio Miguel (8/7). Recitei a poesia “N'atividade”

Entrevista no programa “Mestres da Música”, da Rádio Aperipê FM, apresentador Jeová Santana (27/8). Recitei a poesia “N'atividade”.

Recital no I Café Cultural do Atelier Nivaldo Oliveira (8/7). Performance ao lado de Lola Arévalo, 7 anos, que adora poesias. Amigos Efigênia, Dilson Ferraz, Kleckstane Farias, dentre outros, fizeram leitura de poesias inéditas.

Recital na Feira de Troca Solidárias organizada pela Ong SAHUDE, no Parque da Sementeira, em Aracaju (9/7). Fiz uma performance ao lado de Lola Arévalo, 7 anos, que adora poesias.

Intervenção na Solenidade de Aniversário do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), (6/8). Recitei a festejda poesia “Muqueca”.

Roda de leitura “É nosso, o Patrimônio”, no Museu Histórico de Sergipe, (17/8). Fui homenageado e recitei poesia “Praça São Francisco das lembranças”.

Intervenção poética no lançamento do Jornal Tribuna Sergipe Del Rey (1/7). Fiz uma performance ao lado de Lola Arévalo, 7 anos, que adora poesias.

Intervenção poética na reunião do Comitê Gestor da Praça São Francisco. Recitei N'atividade e Muqueca.

MATÉRIAS NA NET

“Resisto e insisto: a poeisa vale a pena”, matéria na Revista Rever, postada no dia 20/8.
donativos. Site do TCE/SE (Tribunal de Contas do Estado de Sergipe)

“Novidades da campanha O poeta precisa sonhar”. Blog Cicerone de São Cristóvão

“Dê o seu lance! Leilão virtual de obras-raras”. Blog Cicerone de São Cristóvão

“Um livro de poesias sobre São Cristóvõa pelos Correios”. Blog da SAHUDE

IMPRESSOS

Informes da campanha na minha coluna “Cul(SC)turando”. Jornal Tribuna Sergipe Del Rey. São Cristóvão, edições de julho, agosto e setembro.

Marcador de divulgação publicado na “Coluna do Osmário”. Jornal da Cidade. Aracaju, 29 de julho 2015.

CARTAZ

Arte em xilogravura “Praça São Francsico” escolhida para capa do livro foi liberada para elaboração do cartaz da Festa do V Aniversário do Titulo de Patrimômio da Humanidade concedido a esta praça. Evento ocorreu no dia 1 de agosto de 2015


GALERIA DE IMAGENS

Recital na Feira de Troca Solidárias - 19/7/2015
Recital no I Café Cultural, 8/7/2015
Recital no I Café Cultural, 8/7/2015
Nivaldo Oliveira apresenta o livro-caixa
A escolha da capa do livro sonhado
Lançamento do Jornal Tribuna Sergipe Del Rey, 1/7/2015
Entrevista no programa “Mestres da Música”, 27/8/2015
Intervenção poética no Aniversário do IHGSE, 6/8/2015
Roda de leitura “É nosso, o Patrimônio”, 17/8/2015

O legado do poeta onomástico Manoel Ferreira – II*

Manoel Ferreira e Leonel Brizola, 1982.


Thiago Fragata**
A voz grave e maviosa de Manoel Ferreira, exímio orador, encontrava a acústica perfeita nos conventos seculares e no antigo Palácio Provincial, atual Museu Histórico de Sergipe. Inúmeras plateias e comitivas foram surpreendidas por suas intervenções, que sempre eram substanciadas por versos, maioria de sua lavra. Irei tratar da sua oratória e da poeticidade.

No primeiro trimestre, quando deixou a direção do Museu Histórico de Sergipe, em 1971, o vice-presidente da gestão Garrastazu Médici: Augusto Rademaker chegou ao Estado em visita oficial. Em sua agenda, constava uma ida à ex-capital (São Cristóvão). Era unânime a opinião de que Manoel Ferreira era o cicerone ideal, porém ele não trabalhava na instituição cultural. Resumo, o governador veio até São Cristóvão no dia anterior rogar ao poeta uma recepção à altura da ocasião. Sobre o sucesso, basta informar que, semanas depois, o poeta integraria o quadro de pessoal do novo governo.

Augusto Rademaker era um militar linha dura, um dos figurões execráveis do triste período conhecido como Ditadura Militar. Infelizmente, muitos cidadãos brasileiros que se opuseram às vicissitudes da realidade política imposta foram perseguidos, torturados e mortos, com o aceno de militares como Rademaker. Sisudo, o militar chegou a exibir o riso num momento descontraído da palestra proferida por Manoel Ferreira.

Vendo a foto da recepção oferecida ao vice-presidente Augusto Rademaker, registro de 1971, guardada como relíquia no acervo familiar, recordo outra mais recente, de 1982, quando Manoel Ferreira, na condição de candidato ao governo de Sergipe pelo seu partido (PDT), recebeu Leonel Brizola, que peregrinou no Estado angariando votos para o seu distinto correligionário.

Memórias em confronto, dois encontros de Manoel Ferreira com políticos de ideologias opostas. Sua performance era impecável como anfitrião, cicerone de uma grandiloquência que emendava versos e oportunas passagens bíblicas. Teremos saudades do homem, da sua voz inconfundível. (1)

Batizei ele “poeta onomástico” pois seus versos brotavam diariamente, era uma necessidade básica. Também, seu mote inspirador era a data comemorativa, o santo ou a personalidade que iria encontrar no dia, o evento agendado ou visita surpresa. Por isso, muitos receberam suas poesias em dias de aniversário, casamento, formaturas, conquistas, chegadas, despedidas, ou inaugurações, enfim, momentos importantes que mereceram ganhar versos para ficarem eternizados por esses versos. Acrósticos, ele também cultivava essa arte que consiste em formar frases a partir das iniciais do nome do homenageado.

Impossível dizer quantos poemas e/ou acrósticos ele fez. Infelizmente, o vate prolífero nunca publicou livro. Dizia que “tudo precisava de uma boa revisão” ou que produzia apenas “versos simples”.

A oratória dele cativava plateias, e suas intervenções não constavam na programação dos eventos. Eram, de fato, maravilhosas intervenções. Uma posse, aniversário, batismo, missa; da multidão ecoava uma voz grave e aveludada, era ele quebrando o silêncio e/ou a modorra. Se ele convertia ouvintes? Não sei, mas o depoimento da professora universitária Maria Batista Lima Silva deve constar no tópico. Durante uma de suas palestras, no IV Círculo dos Ogãs, dia 30 de outubro de 2013, a pesquisadora das questões étnico-raciais revelou que decidiu estudar o tema depois que assistiu a uma intervenção que Manoel Ferreira Santos na distante década de 1990. “Foi no Convento do Carmo, ele encerrou recitando a poesia Deus Negro, de Neimar de Barros”. A poesia era uma de suas prediletas pois discorria sobre um tema que lhe era muito caro, o racismo. Ela tem 76 versos! (2)

Ao recitar uma obra de fôlego, com todos os versos, de forma irretocável, o poeta impressionava. Festejado em sua comunidade, especialmente, na comunidade estudantil do Colégio Estadual Senador Paulo Sarazate, foi convidado para compor o júri de uma gincana cultural nos idos de 1979. Na ocasião, a poetisa Maria Glória, na época, estudante do 7º ano, testemunhou mais uma façanha do memorioso. Ele percebeu que um jovem omitiu versos do “Navio Negreiro”, de Castro Alves; “mutilou o poema” justificou o exigente jurado. Detalhe: o poema em questão contém 240 versos! (3)

Eis um pouco do orador, do poeta onomástico, do agente cultural Manoel Ferreira. De fato, sua folha de serviços prestados ao município de São Cristóvão é extensa. Temendo que o legado se perca no completo esquecimento e omissão reclamada pelo padre Valtervan Correia Cruz, sugiro que entidades, como o Museu Histórico de Sergipe, organizem um evento, seminário ou roda de conversa para desvelar o homem e sua obra. Muitos diziam que o poeta onomástico era um homem a merecer estátua numa das praças da cidade que ele adotou como sua e tanto trabalhou para seu desenvolvimento. Em sua humildade cristã, Manoel Ferreira discordava de tamanho galardão. Vezes, desconversava ou silenciava, mas exultava com a boa opinião dos amigos(as). Também discordava: achava que ele merecia mais que isso. Aliás, este foi o tema inspirador de uma poesia ofertada no seu último aniversário:

Eis o vosso merecimento
o veredicto neste natalício:
estátua na praça!?
mas se festeja 93 anos, Manoel Ferreira,
a cidade é que tem sorte
pois o bronze negaria a estatura do teu porte
mesmo o ouro ocultaria o valor do teu caráter.

Amigo, o mármore seria frio demais para vossos pés
continuai assim um pensador orfão de Rodin
louvando o teu Senhor, rezando poesias
pois versículo é diminutivo da palavra verso.(4)


* Artigo publicado no jornal Tribuna Sergipe Del Rey. São Cristóvão. N. 4, setembro 2015, p. 4.

**Thiago Fragata é poeta e historiador. Email: thiagofragata@gmail.com

NOTAS DA PESQUISA
1 - Entrevistas com Manoel Ferreira Santos. São Cristóvão, 14 de outubro 2014.
2 - Depoimento de Maria Batista Silva, São Cristóvão. 30 de Outubro de 2013.
3 - Depoimento de Maria Gloria Santos, São Cristóvão. 10 de Julho de 2015.
4 - Manoel Ferreira Santos, poesia de Thiago Fragata. Inédita.
Crédito da Imagem: Leonel Brizola e Manoel Ferreira Santos. Folheto da candidatura deste ao Governo do Estado, 1982.

O legado do poeta onomástico Manoel Ferreira - I

Manoel Ferreira. Foto: Thiago Fragata, 2009.
Thiago Fragata*

No dia 30 de julho, faleceu o Sr. Manoel Ferreira Santos (1922/2015), 93 anos, em sua residência localizada no centro histórico de São Cristóvão. Compareci ao velório que aconteceu no Museu Histórico de Sergipe. Os filhos aceitaram a última homenagem desta instituição que teve o pai como seu primeiro diretor. Entre os anos de 1960 e 1970, Manoel Ferreira geriu o museu instalado no antigo Palácio Provincial.

O padre Valtervan Correia Cruz afirmou que o Poder Executivo, se tivesse a ciência dos serviços prestados por esse cidadão ao município, decretaria luto oficial por 3 dias e conclamaria toda a cidade, seus estudantes a participar do funeral.

Os oradores resenharam a trajetória e o carácter do amigo, pai, avô, poeta, homem público e religioso que foi Manoel Ferreira Santos. O homenageado trabalhou na Fábrica Sam Christovam, aliás, chegou à cidade em 1935 para ser apontador no escritório da empresa. Fez carreira política a partir do operariado e população carente. Foi deputado estadual pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro); fundador-proprietário do Restaurante Candangos, que se tornaria a principal casa de shows da cidade nos anos 1960 a 1970; a última experiência na seara política foi uma candidatura ao governo do Estado em 1980. Como deputado estadual defendeu a instalação de curso ginasial em São Cristóvão e proteção das nascentes dos rios. Em meados da década de 1990, foi eleito o presidente do Alcóolicos Anônimos (AA), secção São Cristóvão, onde realizou mais uma importante contribuição à sociedade sancristovense.

Um fato desconhecido do público que compareceu as exéquias do poeta foi o seu papel na criação da marca Quarta cidade mais antiga do Brasil, como ficaria afamada São Cristóvão a partir de 1967.

As pesquisas indicam que, até a década de 1960, esse rótulo não existia, por essa razão não era divulgado nos meios de comunicação. Ele surge com Manoel Ferreira dos Santos, então diretor do Museu Histórico de Sergipe. Naquela época, José Calasans, Freire Ribeiro, Manoel Cabral, Sebrão Sobrinho e até Jorge Amado vivenciavam a antiga cidade: uns, a trabalho; outros, como exercício literário ou passeio. Irremediavelmente, visitavam o museu e eram ciceroneados pelo poeta grandiloquente com suas recepções. Manoel Cabral, escritor e companheiro de partido de Manoel Ferreira, recomenda aos turistas: “Guarde a tarde para o Museu e Manoel Ferreira.”

Voltando ao rótulo “quarta cidade mais antiga”, tudo começou num programa de rádio por volta de 1966. Manoel Ferreira foi divulgar a festa de aniversário do Museu Histórico de Sergipe e expressou que São Cristóvão era uma das primeiras cidades do Brasil. Nem todos aceitaram, a afirmação sempre despertou/desperta querelas bairristas. A interrogação se mantinha nas recepções de turistas e autoridades, ora ventilada por um leigo, ora por um intelectual, o que desconfortava o anfitrião.

O Sr. Manoel Ferreira rememora que seu estudo sobre a História de Sergipe deu-se com os conselhos e livros de Sebrão Sobrinho. Da prosa travada com o pesquisador itabaianense, teve a seguinte ideia: submeter a espinhosa questão ao Conselho Federal de Cultura, instância do Ministério da Educação. Assim feito, o caso foi apresentado por Hélio Viana, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), na sessão plenária de 24 de agosto de 1967.

Um ofício remetido pelo Secretário-Geral do Conselho Federal de Cultura, Manoel C. Bandeira de Mello, transcrevia o excerto do parecer final que foi recebido com entusiasmo pelas autoridades sergipanas. Afirmava: “... não temos dúvida em atestar ser a cidade de São Cristóvão a quarta cidade do Brasil. Somente a antecedeu a Cidade de Salvador, a de São Sebastião do Rio de Janeiro e Filipeia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa.”(1) Esse importante documento, penso, exibido pelas autoridades sergipanas como a última palavra sobre o assunto (governador, vice-governador, secretario de cultura do Estado rubricaram-no), não encerra a questão. Faz-se mister saber o que precisa uma cidade para receber esse título, ou dito de outra forma, o que definia em termos coloniais a cidade.

Grosso modo, o que distinguia vila e freguesia era a assistência espiritual dispensada pela igreja católica aos colonos. A cidade possuía Casa da Câmara e Cadeia, paróquia e o reconhecimento da Coroa. Assim, deu-se com Salvador em 1548 e as primeiras cidades embora não seja possível lastrear com documentos todos os casos. Sergipe, por exemplo, ressente-se da ordem enviada por Felipe II ao governador-mor da Bahia, Cristóvão de Barros, visando a colonizar o território. São Cristóvão e João Pessoa surgiram no período da União Ibérica (1580-1640), mantinha-se estreita relação com a Espanha.

Voltando ao tema central deste artigo, o mote de São Cristóvão “quarta cidade mais antiga do Brasil”, percebo que, independentemente do respaldo concedido em 1967, o mercado do turismo sergipano consolidou a marca em campanhas publicitárias. Inconteste, ele cumpre os requisitos da boa propaganda e se encontra relacionado de forma visceral ao nome de Manoel Ferreira, o poeta onomástico. (continua)


*Artigo publicado no JORNAL DA CIDADE. Aracaju, ano XLIV, n. 12.922, 1 de agosto de 2015,p. B-6.

**Thiago Fragata é poeta e historiador. Email: thiagofragata@gmail.com

Arquivo Particular de Manoel Ferreira dos Santos, São Cristóvão. Oficio do Secretario- Geral do Conselho Federal de Cultura, Manoel C. Bandeira de Mello, ao Diretor do Museu de Sergipe, Manoel Ferreira dos Santos. N. 141, 29 de agosto de 1967. Datilografado


CUL(SC)TURANDO SÃO CRISTÓVÃO - SET 2015



CENTENÁRIO DE LOURIVAL BAPTISTA
No próximo dia 4 de outubro Lourival Baptista (1915/2013) completaria 100 anos. Médico e político, ele teve uma atuação marcante em São Cristóvão, cidade que acolheu o baiano de Entre Rios que chegou para trabalhar na fábrica São Gonçalo no ano de 1942. Visando celebrar sua memória o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE) preparou uma extensa programação a ser iniciada no próximo dia 4 de setembro com a solenidade na Praça Lourival Baptista (popular Praça da Bíblia), às 10:30 horas. Logo depois, o padre Waltervan Correia celebrará uma missa no Convento do Carmo. As obras legadas por Lourival Baptista a São Cristóvão faz jus às homenagens.

O SUCESSO DA CAMPANHA “O POETA PRECISA SONHAR”
No dia 24 de agosto encerrou a campanha “O poeta precisa sonhar” com uma arrecadação que superou o desafio do Catarse. O objetivo é publicar o livro “São Cristóvão poética e xilogravada” com 30 poesias minha e ilustrações do artista Nivaldo Oliveira em homenagem a cidade histórica, no 5 de novembro, dia da Cultura. O projeto vitorioso que já inspira outros artistas recebeu colaborações de internautas de Sergipe, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Brasília. Em São Cristóvão aconteceram mobilizações e recitais pelo sucesso da campanha; Dinha da AMI, por exemplo, rifou um liquidificador. O gesto espontâneo comoveu este poeta que agradece a todos os colaboradores.

7 DE SETEMBRO É DIA DE HOMENAGEAR A PÁTRIA
Há quem considere ultrapassado o desfile das escolas e forças militares no 7 de setembro, dia alusivo a Independência do Brasil. Foi no dia 7 de setembro de 1822 que decretou-se a independência do Brasil em relação a Portugal, sua metropole. O patriotismo demonstrado na Copa do Mundo, nas Olimpíadas, nas Eleições, nas manifestações contra ou afavor do Governo Federal, provam a vitalidade deste sentimento. O dia é um momento importantíssimo para difusão do patriotismo, ele é organizado pelas instituições educacionais. Formar cidadãos(ãs) é uma tarefa compartilhada entre a escola e a família. Desfilar e/ou prestigiar o desfile constitui um ato cívico a ser preservado/valorizado por toda sociedade democrática brasileira.

SABE QUEM É A PADROEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO?
Muita gente acredita que São Cristóvão é o padroeiro de São Cristóvão, um erro. Alguns juram que o padroeiro é o Senhor dos Passos. Na verdade, a cidade tem uma padroeira que é Nossa Senhora da Vitória. Aliás, o dia dedicado a ela é feriado municipal, 8 de setembro.

MULTA PARA QUEM SUJA E DEPREDA
Sonho com o dia em que pessoas que sujam vias públicas, mesmo aquelas que colocam lixo em dias que não acontecem coleta, sejam multadas. Desejo o mesmo para quem depreda monumentos, postes e bancos de praças. Ah! Mas defendo programas de educação ambiental também pois é preciso atuar em duas frentes: uma educativa, outra punitiva.

FRASEADO PARA REFLEXÃO
“A poesia tira o homem da realidade, mas o devolve mais enriquecido”. Ernst Fischer (1899/1972), crítico austríaco

Coluna mensal do poeta e historiador Thiago Fragata. Email: thiagofragata@gmail.com
FONTE: Tribuna Sergipe Del Rey. Ano I, N. 4, setembro 2015, p. 4.  

NOTÍCIAS DA CAMPANHA "O POETA PRECISA SONHAR" NO TCE/SE

Thiago Fragata e Nivaldo Oliveira escolheram xilogravura da capa

Para divulgar a campanha "O poeta precisa sonhar", Thiago Fragata realiza visitas a possíveis parceiros e intervenções poéticas nos eventos de Sergipe. O objetivo é publicar o livro "São Cristóvão poética e xilogravada", junto com o artista Nivaldo Oliveira.

Na última quarta (15/7), Fragata esteve no Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Na oportunidade parabenizou o Presidente Carlos Pina de Assis pelas últimas iniciativas culturais e se ofereceu para assinar matérias de cunho literário e/ou historiográfico na Revista do TCE.

Confira matéria postada pela equipe de Comunicação daquela conceituada instituição:

http://www.tce.se.gov.br/sitev2/conteudo.ler.php?id=7775#


SABER MAIS:
http://thiagofragata.blogspot.com.br/2015/06/o-poeta-precisa-sonhar-ajude.html

O POETA PRECISA SONHAR, AJUDE!


Sou José Thiago, popular Thiago Fragata, ajude-me a concretizar um sonho: publicar um livro de poesias dedicado a minha cidade, a nossa São Cristóvão. Com o título de São Cristóvão poética e xilogravada, a obra terá 30 poesias ilustradas com xilogravuras do artista Nivaldo Oliveira.

Você que conhece a minha luta em prol da divulgação e valorização do rico patrimônio cultural da quarta cidade mais antiga do Brasil, a você que deseja conhecer um pouco mais do projeto e colaborar, primeiro assista o vídeo no site do Catarse (https://www.catarse.me/pt/saocristovaopoetica), depois é só clicar no botão lateral da tela que diz “apoiar este projeto”, escolha as condições de depósito para doação que, no mínimo, lhe garantirá um exemplar do livro devidamente autografado. Ou seja, você não doa, apenas antecipa a compra do seu exemplar, incentiva com um patrocínio, a depender do valor desde receberá recompensas: um xilogravura para emoldurar, um camisa estampada com poesia, etc

Click aqui para ajudar Thiago Fragata, o Poeta da ladeira da quarta cidade mais antiga do Brasil


https://www.catarse.me/pt/saocristovaopoetica 


CUL(SC)TURANDO - MAIO 2015



PROCISSÃO DO SENHOR DOS PASSOS - PATRIMÔNIO IMATERIAL SERGIPANO
Publicado no Diário Oficial de Sergipe, de 8 de abril, o Decreto Governamental N. 29.977 que reconheceu a centenária Procissão do Senhor dos Passos de São Cristóvão como Patrimônio Imaterial de Sergipe. Esta foi a última tarefa executada pela equipe da Subsecretaria de Patrimônio Cultural (SUBPAC), acompanhei o abnegado e competente pesquisador Marcos Paulo Carvalho Lima a ouvir pesquisadores e agentes envolvidos na procissão. Enquanto isso o projeto de incentivo ao turismo religioso a partir do evento, que conta com o apoio da Prefeitura Municipal de São Cristóvão e consultoria do Sebrae, se acha estacionado.

CORPUS CHRISTI - VAMOS FAZER TAPETES?
Movimentação na sede paroquial. A agente cultural Vânia Correia e uma equipe devotada visita e sensibiliza moradores, visita escolas palestrando aos alunos e professores, o tema: o corpus christi, sua importância e o trabalho coletivo dos tapetes. Sabemos que a confecção dos tapetes é um trabalho comunitário, dessa forma quem deseja participar compareça cedo, entre 4 e 5 horas da manhã, no pátio da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, Igreja Matriz, no dia 4 de junho. Participe, vamos manter viva essa tradicão!

THE BAGGIOS LANÇA DVD E CD “10 ANOS DEPOIS”
Aconteceu no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, na noite da quarta, 13/5, show de lançamento do DVD e CD “The Baggios 10 anos depois”. A banda que leva o nome da cidade São Cristóvõ em suas composições faz sucesso dentro e fora do Estado e recentemente abriu show de Pitty em Aracaju. Vamos acessar e novo site da banda (www.thebaggios.com.br) e dá aquela força adquirindo o novo produto que motiva sua nova turnê. Parabéns Julico e Perninha!

TORRE DA CLARO PREJUDICA PAISAGEM TOMBADA
Desde junho de 2013 que a empresa de telefonia Claro conseguiu autorização da Prefeitura de São Cristóvão e do Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para implantar uma antena shelter (falsa palmeira) dentro de área tombada, inclusive, alterando a paisagem da Praça São Francisco reconhecida Patrimônio Mundial em 2010. De acordo com o moroso processo que alguns moradores provocaram no Ministério Público Federal o IPHAN reconheceu que “foi enganado pelos representantes da Claro quanto a altura e forma da antena,” e por isso indicou um outro lugar para a monstrenga metálica. Mas a antena persiste em nossa paisagem, perguntamos: o caso foi arquivado?

MUSEU HISTÓRICO DE SERGIPE RECUPERA ACERVO ROUBADO
Recuperado acervo roubado do Museu Histórico de Sergipe em dezembro do ano passado. O receptador foi localizado atraves de internet onde tentava negociar os objetos. Espada, punhal e moedas retornaram a guarda da importante instituição que espera investimentos em segurança por parte da Secretaria Estadual de Cultura.

FIM DOS PONTOS DE CULTURA AFETA TAMBÉM SÃO CRISTÓVÃO
A Secult encerrou o convênio com o Ministério de Cultura que garantia a execução dos pontos de cultura no Estado. Os mesmos devem paralisar suas atividades imediatamente. O retrocesso na política cultural é enorme e afeta São Cristóvão. Dois pontos de cultura mantidos por entidades da sociedade civil organizada deixarão de existir: o Axeô mantido pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável Oxogum Ladê, e o Circo-lando mantido pela Ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE). Enquanto isso, o projeto pontos de cultura como um todo acabam de virar política nacional de Estado através da medida provisório N. 10166/2015.

UM ARTISTA DIVULGANDO SÃO CRISTÓVÃO
O artista Nivaldo Oliveia segue produzindo obras de arte de excelente qualidade inspirado no patrimônio cultural de São Cristóvão. Essa divulgação da quarta cidade mais antiga do Brasil que realiza solitariamente não promove somente o seu talento mas a cidade que se pretende pólo de Turismo. Enfim, o baiano que merece toda a nossa simpatia faz um trabalho da competência da Secretaria Municipal de Turismo. É ou não é? Obrigado, Nivaldo Oliveira. Agradeço em nome dos menos atentos.

DUDA LISBOA É UM PATRIMÔNIO, UMA DÁDIVA
A jovem jogadora de Vôlei, Duda Lisboa, segue sua trajetória de vitórias pelo mundo. Voltou com o bronze do Circuito Mundial de Vôlei de Praia disputado em Praga, na Republica Tcheca. Orgulho da mãe, popular Cidão, outra que tantos troféus rendeu fama e levou o nome de sua cidade natal a mídia local, nacional e internacional. Mais que tudo isso, a família Lisboa incentiva o esporte e desenvolve um trabalho social digno de relevo, no bairro Pintos. Numa cidade desprovida de praça de esportes, fica o reconhecimento a Duda Lisboa e Cidão pela garra que deve inspirar os seus conterrâneos de São Cristóvão.

MUSEUS DE SÃO CRISTÓVÃO NA SEMANA NACIONAL DE MUSEUS
O Museu Histórico de Sergipe e o Museu da Polícia Militar participaram da XIII Semana Nacional de Museus (21 a 22/5) organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) que este ano teve como tema “museus para uma sociedade sustentável”. Nosso reconhecimento às equipes que prepararam ações educativas e seus respectivos diretores, Sergio Lacerda e Coronel Dilson Ferraz. Visitem os museus!

POETA VAI PRECISAR DA SUA AJUDA
Em breve, Thiago Fragata lançará campanha de arrecadação de patrocínio através do site do Catarse (maior plataforma de crowdfunding, ou financiamento coletivo do Brasil) para publicação do livro São Cristóvão poética e xilogravada. Serão 30 poesias dedicadas ao nosso patrimônio cultural e seus diversos temas, todas com ilustrações do artista Nivaldo Oliveira. Pelo site os interessados irão depositar um valor mínimo que ao mesmo tempo patrocina e garante o livro autografado. Detalhe importante, caso não consiga levantar o total do patrocínio o valor arrecadado será devolvido. Saber mais https://www.catarse.me/

Coluna mensal do poeta e historiador Thiago Fragata. Email: thiagofragata@gmail.com

A SOMBRA DA PEDRA: ENIGMA NO RIO VAZA-BARRIS – III*

Gradil importado, da Casa do Barão de Estância, chegou via Porto das Pedreiras. Foto - Samuel Albuquerque 2013



Thiago Fragata**

Tenho refletido a respeito de uma ruína submersa na Barra da cidade de São Cristóvão (confluência dos rios Vaza-barris e Paramopama), que os pescadores batizaram de “Sombra da Pedra” e gestaram uma mitologia ribeirinha. Já falei do mero gigante, um magnífico exemplar da megafauna marinha, ele virou estória de pescador. Também especulei a possibilidade de haver, no referido lugar, ruínas do antigo “Fortim de Sergipe Del Rey”, registrado por Matheus van den Broeck e Frei Manuel Calado, cronistas do século XVII. As pesquisas nos arquivos contribuíram com as lucubrações e levaram-me à outra perspectiva...

RUÍNA DA ATALAIA DO VAZA-BARRIS

No ano de 1855, quando São Cristóvão perdeu a condição de capital por uma decisão do Governador Inácio Joaquim Barbosa, o Porto das Pedreiras era um dos mais movimentados da região. Não dependia da cheia das marés para embarque ou desembarque de mercadorias, superava, assim, o Porto São Francisco (do mercado) e o Porto do Carmo (atual Porto da Banca), ambos do rio Paramopama. O Porto das Pedreiras ficava no Vaza-barris há pouca distância da Barra da cidade e da Sombra da Pedra, era amplo, e o inconveniente era a distância da sede: 8km. Havia, ainda, o Porto do Sítio Gameleira, em relação ao qual, em 1835, João Simões dos Reis, Secretário da Câmara, avaliava: “onde vão ancorar as embarcações sumacas que comerciam desta cidade comarca para a cidade da Bahia assim como o do Povoado de Itaporanga deste município.”(1)

Não falarei sobre motivos da Mudança da Capital, esse não é o objeto de investigação, lembro somente ser um mal-entendido o pretexto da “falta de porto”, que alguns professores repetem. Não foi por falta de um porto, como já disse: a ex-capital tinha mais de um. Havia a carência de um porto bem localizado, de fácil comunicação com a Bacia do Cotinguiba: região que concentrava a maior produção de cana-de-açúcar e que, sobretudo, não dependia das marés. Insisto no assunto Porto das Pedreiras, tanto pela sua proximidade da Sombra da Pedra quanto por se tratar de um importante entreposto comercial até as primeiras décadas do século XX. É bom frisar que não me refiro ao atual e inexpressivo cais a que chamam de Porto das Pedreiras.

Pertinente destacar que a movimentação não era somente de mercadorias, faz-se necessário desvelar o deslocamento dos viajantes, os roteiros terrestres e marítimos. O médico Francisco Sabino Coelho de Sampaio, por exemplo, deixou o relato de uma viagem de São Cristóvão à capital, Aracaju, realizada em meados do século XIX: “A 26 de outubro de 1858, à noite, sahi de S. Christóvão com a minha Família para o Aracaju, embarcando-me no porto de São Francisco. Cheguei ao porto Santa Maria às 10 horas da manhã do dia 27; sahiu-se às 6 horas da tarde, passou-se a noite na beira da Costa, e embarcamo-nos ahi às 8 horas da manhã do dia 28, e chegamos ao Aracaju às 11 horas do mesmo dia com três horas de viagem.” Em resumo, foram 2 dias de viagem de um percurso de 5 léguas. (2)

Entre os séculos XIX e XX, a maior representante da navegação costeira, ou de cabotagem, foi a empresa Lioyd Brasileiro. Portos da Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Rio de Janeiro recebiam embarcações das Companhias: Pernambucana, Esperança Marítima, Navegação Costeira, Espírito-Santense, Lioyd Brasileiro, dentre outras.(3) Além do transporte de pessoas, transportavam-se cargas. Dessa forma, empresas estabelecidas na então Capital Federal negociavam com empresas situadas em capitais do Nordeste.

Em Sergipe do início do século XX, a movimentação de embarcações dava-se pela Barra de Aracaju (Rio Cotinguiba e/ou Sergipe), Barra de Estância (Rio Real) e Barra de São Cristóvão (Rio Vaza-barris). Nessa época, a Barra de São Cristóvão expressava o mais acanhado movimento portuário, também um antigo ponto de contrabando (a tradicional sonegação de impostos). Burlava-se o fisco: isso era facilitado pela localização privilegiada. É oportuno lembrar a extinta estrada que ligava essa região à capital sergipana através do Povoado Caípe. Assim como essa via terrestre, o antigo Porto das Pedreiras não mais existe. Para esclarecimento, vejamos o que diz um estudo corográfico, publicado em 1897, sobre o referido porto: “É largo e profundo, oferecendo um ancoradouro seguro aos navios que ahi vão carregar. Há ahi um grande trapiche da Companhia do Lloyd, antiga bahiana.”(4) Naquele ano, encerrou o contrato entre a Associação Sergipana e a União, referente ao serviço de um rebocador que transportava cargas entre as barras de Estância, Cotinguiba e São Cristóvão.(5) Trapiche, segundo o dicionário, é um “armazém de mercadorias junto ao cais.”(6) O mencionado trapiche das Pedreiras era gerenciando pela Casa Comercial Jucundino e Cia., localizada na Rua Aurora, em 1907.(7)

Além das pequenas sumacas e botes, ao Porto das Pedreiras, aportavam vapores e patachos nacionais, conforme detalham as planilhas de entrada e saída de embarcações em Sergipe, contidas nos relatórios do Governo de Olímpio Campos (1898/1902). Foram 30 embarcações em 1898 e 37 no ano seguinte. Ali, acontecia o embarque e o desembarque de cargas: açúcar, algodão, etc. Os familiares de Antonio Dias Coelho e Melo (1822/1904), o Barão de Estância, informam que o material importado da Inglaterra para reforma da casa de veraneio, em 1887, localizada no Povoado Pau d'Arco, Itaporanga, inclusive o gradis que ornamentam portas e janelas, chegou pelo Porto das Pedreiras.(8)

No intento de monitorar a entrada e a saída de navios na Barra de São Cristóvão, por conta de fiscalizar as cargas e de prevenir acidentes, a Capitania dos Portos, na gestão de Cyro Câmara, tomou providências. No dia 8 de dezembro de 1908, inaugurou-se festivamente a “Atalaia de Sam Christovam, situada na bocca do Rio Vasa-barris.”(9) Atalaia não é farol, trata-se de uma pequena guarita construída num ponto estratégico para observar/fiscalizar embarcações. Não se sabe a exata localização dessa atalaia, nem quando foi desativada. Consta que sua estrutura foi assentada sobre rochedos, que supostamente seriam os que compõem a Sombra da Pedra
 
Iniciei esta série comparando a antiga São Cristóvão a uma esfinge que lança enigmas aos aventureiros pesquisadores. Se a comunidade acadêmica, os arqueólogos, especialmente, encamparem a aventura até as paragens da Sombra da Pedra, com certeza, experimentarão maiores riscos do que passei nos arquivos, bibliotecas e sebos, de onde juntei dados desconexos e produzi esta síntese.

José Calasans Brandão da Silva (1915/2001) revolucionou a interpretação da Guerra de Canudos na década de 1950 ao propor compreensão dela excetuando o clássico Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha. Hoje, essa ousadia nem é considerada... Neste ano de centenário desse eminente canudólogo, historiador e folclorista, compartilho suas palavras sinceras que estimularam o meu tirocínio: “Este trabalho inicial deve ser julgado com benevolência. Quem trilha caminho novo, ainda não percorrido por outros, enfrenta dificuldades sem conta, equívocos, incorre em omissões, que não raro se transformam em lamentáveis esquecimentos, senão mesmo clamorosas injustiças. (...) Agradeço, porém, com o mesmo interesse com que peço indulgência, as luzes dos que possam e queiram melhorar o conteúdo desta tarefa.” (10) (fim).

*Publicado no JORNAL DA CIDADE. Aracaju, ano XLIV, n. 12860, 17 e 18 de maio de 2015, p. A-7.
**Thiago Fragata: poeta e historiador, sócio do IHGSE, professor da SEED/SE, membro do Grupo de Pesquisa Culturas, Identidades e Religiosidades (GPCIR/CNPq) e do Grupo de Pesquisa Sergipe Oitocentista (SEO/CNPq). Email: thiagofragata@gmail.com

NOTAS DA PESQUISA:
1 - APES, Aracaju. Ofício de João Simões, Secretário da Câmara, ao Vice-Presidente da Província. 30 de dezembro de 1835. CM1 - 21, doc. 209.
2 - SOBRINHO, Sebrão. Laudas da História do Aracaju. 2a. ed. Aracaju: Gráfica J. Andrade, 2005, 289.
3 - LISBOA, l. Da Silva. Chorographia do Estado de Sergipe. Aracaju: Imprensa Official, 1897, p. 57.
4 - Idem, p. 149.
5 - Jornal de Notícias. Aracaju, ano II, n. 468, 18 de outubro de 1897, p. 2.
6 - BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: FAE, 1986, p. 1142.
7 - Correio de Aracaju. 10 de fevereiro de 1907, p. 4.
8 - Entrevista com Samuel Barros de Medeiros Albuquerque, Aracaju. 24 de abril de 2015.
9 - Folha de Sergipe. Aracaju, XVIII, N. 162, 10 de dezembro de 1908, p. 2.
10 - SILVA, José Calasans Brandão da. Aracaju e outros temas sergipanos. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: IHGSE, 2013.
CRÉDITO DA IMAGEM: Janela da Casa de Veraneio do Barão de Estância, seu gradil foi importado da Inglaterra e chegou via Porto das Pedreiras. Foto: Samuel Albuqueque, 2013.

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