Roda de Leitura "Gravidez na adolescência"



No último dia 30/5, quarta, os contadores da Roda de Leitura de São Cristóvão reuniram-se numa sala do Colégio Estadual Deputado Elísio Carmelo para tratar do tema de maio: Gravidez na adolescência, perante um público formado por estudantes. Maria Gloria, coordenadora, pesquisou e selecionou textos de uma oficina de produção poética proposta pela professora Marcia Regina, do EMEF Monte Cristo, de Porto Alegre. Esta reuniu alunos das turmas C20, C21, C22 e fez oficina de textos poéticos em 2008. Os contadores Thiago Fragata, Maria Rita, Eliene Marcelo, Rose Mary e convidadas: Jória Dias e Aliane Barroso revezaram-se na leitura dos trabalhos.

Segue textos e imagens da Roda de Leitura de São Cristóvão "Gravidez na adolescência": 

ADOLESCENTE GRÁVIDA
A adolescência é uma fase bastante conturbada na maioria das vezes, em razão das descobertas, das ideias opostas às dos pais e irmãos, formação da identidade, fase na qual as conversas envolvem namoro, brincadeiras e tabus. É uma fase do desenvolvimento humano que está entre infância e a fase adulta. Muitas alterações são percebidas na fisiologia do organismo, nos pensamentos e nas atitudes desses jovens.
A gravidez é o período de crescimento e desenvolvimento do embrião na mulher e envolve várias alterações físicas e psicológicas. Desde o crescimento do útero e alterações nas mamas a preocupações sobre o futuro da criança que ainda irá nascer. São pensamentos e alterações importantes para o período.
Adolescência e gravidez, quando ocorrem juntas, podem acarretar sérias consequências para todos os familiares, mas principalmente para os adolescentes envolvidos, pois envolvem crises e conflitos. O que acontece é que esses jovens não estão preparados emocionalmente e nem mesmo financeiramente para assumir tamanha responsabilidade, fazendo com que muitos adolescentes saiam de casa, cometam abortos, deixem os estudos ou abandonem as crianças sem saber o que fazer ou fugindo da própria realidade.
O início da atividade sexual está relacionado ao contexto familiar, adolescentes que iniciam a vida sexual precocemente e engravidam, na maioria das vezes, tem o mesmo histórico dos pais. A queda dos comportamentos conservadores, a liberdade idealizada, o hábito de “ficar” em encontros eventuais, a não utilização de métodos contraceptivos, embora haja distribuição gratuita pelos órgãos de saúde públicos, seja por desconhecimento ou por tentativa de esconder dos pais a vida sexual ativa, fazem com que a cada dia a atividade sexual infantil e juvenil cresça e consequentemente haja um aumento do número de gravidez na adolescência.
A gravidez precoce pode estar relacionada com diferentes fatores, desde estrutura familiar, formação psicológica e baixa autoestima. Por isso, o apoio da família é tão importante, pois a família é a base que poderá proporcionar compreensão, diálogo, segurança, afeto e auxílio para que tanto os adolescentes envolvidos quanto a criança que foi gerada se desenvolvam saudavelmente. Com o apoio da família, aborto e dificuldades de amamentação têm seus riscos diminuídos. Alterações na gestação envolvem diferentes alterações no organismo da jovem grávida e sintomas como depressão e humor podem piorar ou melhorar.
Para muitos destes jovens, não há perspectiva no futuro, não há planos de vida. Somado a isso, a falta de orientação sexual e de informações pertinentes, a mídia que passa aos jovens a intenção de sensualidade, libido, beleza e liberdade sexual, além da comum fase de fazer tudo por impulso, sem pensar nas consequências, aumenta ainda mais a incidência de gestação juvenil.
É muito importante que a adolescente faça o pré-natal para que possa compreender melhor o que está acontecendo com seu corpo, seu bebê, prevenir doenças e poder conversar abertamente com um profissional, sanando as dúvidas que atordoam e angustiam essas jovens.
Texto de Giorgia Lay-Ang, leitura compartilhada pelos alunos do Colégio Estadual Deputado Elísio Carmelo.

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Conheci uma menina faceira
Mas alguém, brincando a seduziu
E a deixou... A brincadeira sumiu...
Só ficaram as bonecas na esteira...

A menina, os brinquedos, deixou
Para esperar o seu bebe nascer,
Situação que a fez chorar e sofrer,
Dedicou-se ao filho, amamentou...

Defrontou-se com o ser mulher
Cumprindo a genética herança...
Mesmo sendo ainda criança
Corajosa, foi se mantendo na fé...

Sem insistir nunca mais fez
As brincadeiras da adolescência,
A trabalhar sem complacência
Esperando ser feliz outra vez!

Poesia de Ibernise M. Moraes Silva, leitura de Eliene Marcelo.

A UMA ADOLESCENTE GRÁVIDA


Guardas-te à fortuna, em teu ventre
Carregas uma coisa sem valor.
Eu sei que ainda é apenas a semente
Que regas de uma exuberante flor.

Espero que teu pranto, de repente,
Não seja o prelúdio de uma dor
Entre a tua vida e a de um inocente
Em que tu decidiste o vencedor.

É bom que penses que a vida é ouro
Que, estando nos teus braços, vale mais
Do que o maior de todos os tesouros.

Pra aquele, cuja vida tu prescreves,
Entre o carrasco e o sublime estás.
E além te cobrarão o que tu deves.

Poesia de Geraldo Altoé, leitura de Jória Dias.

DESCUIDO

Sou fruto de um descuido
Ato feito impensado
Mas que a partir de agora
Terá que ser
Tratado com cuidado
Gostaria de ter
Sido planejado
Mas por descuido
Vim sem ser convidado
Não sei se vou ter nome
Ou se vou ser abortado
Mas no fundo eu gostaria
De ser tratado com carinho
Amor e cuidado.

Poesia Márcia Regina Ribeiro, leitura de Rose Mary Barbosa.

UMA CRIANÇA AQUI DENTRO CHORA

Estou aqui dentro
No ventre de minha mãe
Laços fortes nos unem
Sinto o amor que ela me transmite
Mas também sinto
Que por minha mãe
Não ter me planejado
Eu não seja algo que a deixe tão feliz
Mamãe terá que parar
Com suas festas
E ter que me cuidar
Serei um peso que para sempre
Ela irá levar
Talvez não seja tudo isso
Pois com o tempo
Ela vai acostumar
E quem sabe ela deva me amar
Pois ser mãe
É algo que mesmo que ela não
Queira, para sempre será.

Poesia de Márcia Regina Ribeiro, leitura de Maria Rita.

A CAMISINHA

Eu sempre transava
Sem camisinha
Transei com tantas gurias,
Mas a que eu engravidei
Era a minha vizinha.

No dia em que ele nasceu
Eu assumi,
Mas eu tinha feito
Tantas coisas erradas
Que me dava vontade
De sumir.

Na hora que tu tá
Fazendo amor
Tu só pensa no prazer
E não pensa em usar
Camisinha e nem
No filho que
Pode trazer...

Poesia de Márcia Regina Ribeiro, leitura de Thiago Fragata.

MÃE – MENININHA

Sou
Mãe menininha
Aninho o rebento
Quem me nina?
Aqui sozinha
Não sei se aguento
Tanto arrependimento
Quem me aninha?
Assim menina
Rebento em lamento
Foi-se a minha criancinha
E que outra é essa aqui
Que eu amamento?

Poesia Márcia Regina Ribeiro, leitura de Maria Gloria.

TUDO MUDOU
O que aconteceu?
Da noite para o dia,
O meu mundo mudou
Meu futuro acabou,
Minha barriga cresceu,
E a infância desapareceu.

A mãe...
Agora sou eu
E o pai...
Desapareceu!

- Meu filho...
Vou te dar amor
Vou te dar de mamar.
- Você
Vai me dar alegria
- E eu
Para sempre vou te amar!

Poesia Márcia Regina Ribeiro, leitura de Aliane Barroso.


GALERIA DE IMAGENS
Descontração após a roda: ao fundo fardados os alunos, no primeiro plano, os conadores: Thiago Fragata, (Rose Barbosa e Eliene Marcelo - de pé), Aliane Barroso, Jória Dias (de pé), Maria Gloria e Maria Rita
Eliene Marcelo realizando leitura de "Gravidez na adolescência"

Thiago Fragata realizando leitura de "Camisinha"

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