POESIA NA BOCA DO SERGIPANO

 


Rap sergipanês é um capitulo dedicado a poesias inspiradas no folclore sergipano. O folclore, no caso, desvelado nos bordões, expressões e ditos populares recorrentes da prosódia sergipana ou da forma e "jeito do sergipano falar".

Barrê, muictho pouco, caranguejo, dentre outros jargões inspiram trabalhos que você pode conferir no livro "Fragatas não voam só: poesias encantadas". Essa nova obra do multi-artista Thiago Fragata, radicado em Lagarto desde 2019, foi contemplada no edital de Literatura e Artes Visuais da FUNCAP/SE, com recursos da Lei Aldir Blanc.


Compartilhamos um texto, como exemplo:

POESIA NA BOCA DO POVO

Quem tem com que me pague
não me deve nada
Nada, nada, morre na praia.


O brejo é a praia do sapo
será que hoje vai dá praia?
Ih! A vaca foi para o brejo
mas nem tudo tá perdido
de chinelo vou até a China
e quem tem boca vai a Roma.
Não embroma, não engoma
ferro velho tem ferrugem...
ferrugem e nódoa macula. Nossa!

Quem tem com que me pague
Não me deve nada
Nada, nada, morre na praia,
morre na praia

Dito e feito
Pra tudo tem jeito
Pé torto, sapato roto
Viva sua vida
Se o povo falar, falar não ligue
Não ligue deixe o povo falar
Quem empresta não presta
Quem dá o que tem a pedir vem
e, quem mente a língua fica fora do caixão
Só o tempo é o senhor da razão.

Quem tem com que me pague
Não me deve nada
Nada, nada, morre na praia,
Eu tou é besta com isso aqui
Poesia pra dá e vender
Na boca do povo
De boca em boca
A migué e a garné
O que é de gosto arregale o peito
Cavalo dado não se olha os dentes
Assim, botando pra quebrar
Demoro entrar numa querela
Gato escaldado tem medo de água fria
Nem fria nem quente, não esquente
Dou um boi pra não entrar numa briga,
se entrar num aceito uma boiada pra sair
Mato ou morro, corro pro mato
ou corro pro morro
Fala sério...

Quem tem com que me pague
Não me deve nada
Nada, nada, morre na praia,
morre na praia... de sede!

 
Adquira o livro, se deseja conhecer integralmente a coletânea formada por 40 textos e 4 ilustrações autorais. Custa R$35,00 com frete incluso. Faça contato direto com o autor pelo instagram @thiagofragata1844 ou pelo zap (079) 99122-6477


 

*Matéria extraída do site SEMENTES DO AMANHÃ.

CRISTIANE MORAIS PREFACIOU FRAGATAS NÃO VOAM SÓ

Cristiane Moraes tira poesia do violão


Fragatas Não Voam Só - Poesias Encantadas será lançado no próximo dia 17 de março, quarta, a partir das 20 horas, numa live-sarau do perfil do seu autor, Thiago Fragata @thiagofragata1844 
 
Capa

Confira o prefácio (texto integral):

QUANDO “O ESTADO DE SAÚDE É POÉTICO”

Ler poesia é pedir licença para acessar quintais de memórias, o motivo do contínuo respiro ou o escudo para a alma neste meio estanque do poeta que vive. “Fragatas não voam só – poesias encantadas”, em primeiro instante, me lançou para a beleza da vida em trama com a música, cinema e teatro. Um presente de fé com a existência poética, acarinhado pela mãezinha das águas na costura de versos “ [...]Jana, Janaína”. E nesta brincadeira de pés descalços, falatório, repertório, território sergipano que só da escuta cantada pouco conheço... voo e me vou com suas asas longas a confortar o pensamento com todo este fragmento, de inquieto deleite, sua presença na linguagem combativa e precisa a afirmar a identidade coletiva, do povo negro, nordestino e brasileiro.

Meu assunto é uma coletânea de 40 textos produzido nos últimos 30 anos de Thiago Fragata, codinome de José Thiago da Silva Filho. Diferente do primeiro, São Cristóvão Poética e Xilogravada”, de 2015, que teve o patrimônio da cidade natal como mote inspirador, a obra inédita desvela uma poética harmoniosa e dramática, a sugerir que os textos são composições a espera de arranjo musical - aqui uma linda aproximação com a minha palavra-canção!

A obra se acha segmentada em 3 capítulos. No primeiro, Literoativo & Poeticamente, junta poesia terapêutica, com arcaísmos, intertextualidades, numa lúdica a perpassar idades, linguagens artísticas. Aprecia exegese, o trocadilho, a ironia e até repetição e silêncio entende como figura de linguagem. Gosto do seu jogo de palavras a desconstruir a lógica usual das expressões, para brincar ou desvelar novos sentidos. Alguns neologismos aparecem nessa empreitada.

Segundo capítulo, Rap Sergipanês, é a lúdica da prosódia sergipana, da forma gostosa de falar, ora puxando pela memória afetiva, sim porque quem já provou da moqueca de fôia da bananeira vai sentir do cheiro da danada durante a leitura. Faz poesia do arremedo de expressões e ditos populares recorrentes, alguns nem tanto; da polissemia as divertidas figuras de linguagem que a saborosa prosódia sergipana inspira no brincar com as palavras, enfim, da “tronxura” ou da “lonjura” de sergipano, o “home” fez versos.

Poesias de Combate é o título do último capítulo. Nele o verso milita contra o preconceito, o racismo de maneira especial, por figurar como herança maldita dos tempos do Brasil Colônia quando os negros eram animalizados e brutalizados através da escravidão. Também figuram versos dedicados a grandes personalidades da resistência, seja no mundo das artes, caso de Garcia Lorca, seja no campo de nobres ideais, caso de João Bebe-Água, anti-herói da Mudança da Capital de São Cristóvão para Aracaju/SE, no ano de 1855.

Fragata considera a poesia como elemento que transcende a literatura. “ A poesia - esclarece - se acha nas Artes Integradas, porque entre a música e o teatro manifestasse na leitura dramatizada dos textos”. Assim, dentro desta concepção, define sua poética como litero-ativa, ou seja, se manifesta na performance.

Thiago Fragata é um encantador de palavras e o nosso encontro se deu por este encantamento que alinho na palavra-canção. Do verbo que não se encaixa e que diz muito numa métrica rápida; do ataque preciso à hegemonia, além de provocar sorrisos com seus trocadilhos, aliterações. Ah! Menino velho moço, de sorriso largo e pintor de filosofias em brincantes protestos. É a certeza de sua competência, erudição e originalidade que enriquece em abundância essa obra.

Cristiane Morais (Piena Branca)

Arteira de Mogi das Cruzes/SP, compositora, poetisa e autora do livro artesanal “Vento de Mar, fogo de vela: poesia e palavra-canção” 2020

 
 
OBS: O livro foi contemplado no edital Literatura e Artes Visuais 05/2020, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (FUNCAP/SE), com aporte de recursos da Lei Aldir Blanc. Deseja saber mais, garantir seu exemplar? Clique aqui

 

NOVO LIVRO DE THIAGO FRAGATA TRÁS ILUSTRAÇÕES E 40 POESIAS


Thiago Fragata é poeta litero-ativo. Foto divulgação

No dia 17 de março, a partir das 20 horas, o poeta Thiago Fragata fará live-sarau de lançamento do seu livro Fragatas não voam só: poesias encantadas. Como cicerone ele receberá convidados no seu perfil @thiagofragata1844, que recitarão textos da festejada obra. Dentre os convidados, já confirmaram participação: Danilo Lumiano (BA), Priscila Moreira (BA), Angélica Amorim (SE), Vitória Martina (RJ), José Uescele (SE) e Maria Rita Santos, Presidente da Academia Sancristovense de Letras e Artes (ASCLEA).


A coletânea que reúne 4 ilustrações e 40 textos de Fragata foi contemplada no edital Literatura e Artes Visuais 05/2020, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (FUNCAP/SE), com aporte de recursos da Lei Aldir Blanc.


“Fragatas não voam só” será comercializada no valor de R$ 35,00 (trinta e cinco reais), incluindo frete. A previsão é que obra seja vendida também como livro digital (e-book). O valor arrecadado com as vendas patrocinará outros livros do autor e auxiliará entidades de proteção e cuidado da vida animal.

PRÉ-VENDAS - Você já pode reservar seu exemplar com o autor, no fone (79) 99122-6477.

Capa - Fragata ilustrou a obra


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