MEMORIAL IRMÃ DULCE SERÁ INAUGURADO

No dia 4 de abril, sábado, ás 18 horas, será inaugurado o Memorial Irmã Dulce numa das salas do Convento de Nossa Senhora do Carmo, de São Cristóvão/SE. Nesse convento, Maria Rita fez o noviciado, o postulantado e se tornou freira, entre 1933 e 1934, sendo batizada como Irmã Dulce.

Para Thiago Fragata, coordenador da campanha de São Cristóvão a Patrimônio da Humanidade, "a novidade é alvissareira para o turismo sergipano. A quarta cidade mais antiga do Brasil ganhará um atrativo turístico a mais; atrativo promissor pois São Cristóvão será divulgada no Brasil enquanto marco do roteiro Irmã Dulce, o que significa destino dos devotos e admirados do "anjo bom do Brasil", que por sinal será santificada nos próximos anos".

Saber mais sobre Irmã Dulce em São Cristóvão:

PESCA ECOLÓGICA DE PNEUS

trabalhadores retiram lixo do rio. Foto: Cleverton Silva, 2009


A Pesca Ecológica de Pneus foi um sucesso. Na manhã do dia 21/03, sábado de feira, um grupo animado formado pelos estudantes e professores do Colégio Estadual Elísio Carmelo, Gaspar Lourenço e da Escola Municipal São Cristóvão, agentes da Comissão Pró-candidatura da Praça São Francisco a Patrimônio da Humanidade, coordenadora da ação, Prefeitura Municipal São Cristóvão, da União Municipal do Estudantes (UMESC) e da ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) cumpriram extensa programação no largo da ponte da cidade histórica.

Houve desfile de faixas com apitaço pelo meio da feira. As palavras de ordem veiculadas foram "SOS Paramopama: rio poluído, vida em perigo", "SOS Paramopama: jogue o lixo no lixo", SOS Paramopama: o rio pede socorro.

Loucos por Loucos, grupo de teatro de rua, encenou a peça SOS Paramopama, alertando os feirantes para os problemas ambientais. Os trabalhadores da LOC, empresa de serviços urbanos contratada pela Prefeitura Municipal de São Cristóvão, retiraram lixo do rio. Por último, um rico painel foi executado pelos alunos do professor de Artes, Gladston Barroso.

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PESCA ECOLÓGICA DE PNEUS NO PARAMOPAMA


A Comissão Pró-candidatura da Praça São Francisco, de São Cristóvão, a Patrimônio da Humanidade coordenará a PESCA ECOLÓGICA DE PNEUS, na manhã do sábado, 21, no largo da ponte da cidade histórica. Esse projeto pretende firmar parcerias que possam garantir a limpeza do trecho mais poluído do rio Paramopama. O propósito é que o projeto lúdico-ecológico possa envolver o Ministério Público, a Prefeitura Municipal de São Cristóvão, a Associação de Pescadores Z-2, a ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE), especialmente a comunidade estudantil, oficinas de auto, moto e bicicletas a fim de preservar o maior patrimônio natural da cidade que é o rio Paramopama.

O professor Thiago Fragata, coordenador do evento, reconhece que “o projeto foi inspirado numa matéria de Pedro Bial, onde o jornalista afirmou que aqui tinha mais lixo do que história. Na época, 2006, a comunidade revoltou-se e nada foi feito. Chegou a hora da gente limpar o rio Paramopama e mostrar que São Cristóvão almeja o título de Patrimônio da Humanidade porque preserva também a sua natureza”.

Dentro da programação, o grupo de teatro Loucos por Loucos encenará SOS Paramopama: o rio pede socorro, às 10 hs, peça que aborda a consequências da poluição. O Núcleo de Educação Ambiental - Gaspar Lourenço (NEA) vai marcar o local da ação com um painel de alerta.


MUDANÇA DA CAPITAL E A LIÇÃO DE JOÃO BEBE-ÁGUA*

João Bebe-Água, um Dom Quixote. charge de Raí Ramos, 2005


Prof. Thiago Fragata**


A Resolução Provicial N. 413, de 17/03/1855, chancelou a Mudança da Capital de São Cristóvão para vila de pescadores de Santo Antônio de Aracaju. Ela foi assinada pelo então Presidente da Província de Sergipe Del Rey, Inácio Joaquim Barbosa. Adiante veremos que o ato teve implicações políticas e econômicas locais além de respaldo externo.

Cenário Político - Na época dois partidos políticos dividiam e defendiam os interesses dos seus respectivos agrupamentos: o Partido Liberal, no poder durante toda a primeira metade do século XIX, defendia a economia da região do Vaza-Barris (São Cristóvão e Itaporanga); já o Partido Conservador, por sua vez, defendia a economia do Vale do Cotinguiba (Maruim, Japaratuba, Santo Amaro e Laranjeiras).

FATORES INTERNOS QUE FAVORECERAM A MUDANÇA:
Político - Em 1853 o Partido Conservador vence as eleições, toma posse Inácio Joaquim Barbosa. Esse partido sempre defendeu a Mudança da Capital. Inácio Joaquim Barbosa contribuiu para a emancipação de Itaporanga, em 1854, o que enfraqueceu o poder econômico de São Cristóvão e dividiu o Partido Liberal. Pertinente lembrar que a grande liderança desse partido, Sebastião Gaspar de Almeida Botto, fora acusado de assassinato, o que fragilizou ainda mais o partido.

Infra-estrutura - Alegando a dificuldade de escoamento da cana-de-açúçar produzida na região do Vaza-Barris uma vez que o rio Paramopama era raso e não permitia navegação de embarcações de grande porte; alegando também a dificuldade de transporte, pois a distância entre o Porto das Pedreiras e a Mesa de Rendas era de 9 KM, o que encarecia o produto, Inácio passou a defender a Mudança da Capital.

Econômico - Os investimentos se concentraram na região do Cotinguiba. Em 1855, a produção canavieira do Vale do Cotinguiba era maior do que a produção do Vaza-Barris, realidade que legitimou o plano dos conservadores.

FATORES EXTERNOS QUE FAVORECERAM A MUDANÇA:
Político - No cenário político brasileiro, com representação na corte (Rio de Janeiro), registrava-se um momento de conciliação dos ministérios e da base dos partidos. Não adiantou os liberais sergipanos apelar para os liberais da corte.

Econômico – Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, foi um empreendedor responsável pela modernização do Brasil. Por sua iniciativa ocorreu a implantação das primeiras ferrovias e a navegação a vapor. Assim, a economia brasileira vivenciou na Era Mauá uma re-estruturação. A tendência da antiga cidade-fortaleza, concebida no interior ou em cima de morros, era mudar para cidade-porto. Nesse sentido, Alagoas mudou sua sede de Marechal Deodoro para Maceió, o mesmo se deu no Piauí e em Sergipe.[1]

CONSEQÜÊNCIAS DA MUDANÇA DA CAPITAL
Com a Mudança da Capital deu-se a falência da economia sancristovense uma vez a maioria dos negócios dependia da elite burocrática. O êxodo para a Aracaju foi a única alternativa para muitos. A insatisfação popular não se transformou em revolta nem foi traduzida em mortes.
A Câmara de Vereadores chegou a escrever um protesto ao Imperador D. Pedro II, que visitou a cidade em janeiro de 1860, sem efeito. O comerciante João Nepomuceno Borges, conhecido como João Bebe-Água, dizem ter juntado voluntários para impedir o traslado dos cofres públicos, viu seu plano esvaziado, foi ridicularizado como patriota louco e maltrapilho pelos agentes da manobra política.

Para Sergipe, a conseqüência positiva foi a emancipação econômica dos portos baianos e a possibilidade de estabelecer comercio diretamente com a Europa.

JOÃO BEBE-ÁGUA: LIÇÃO DE SANCRISTOVIDADE


João Nepomuceno Borges nasceu em São Cristóvão, no ano de 1823. Era filho do capitão Francisco Borges da Cruz e teve um irmão de nome Silvério da Costa Borges.

Nada sabemos da sua formação escolar. Foi escrivão interino da Alfândega e Mesa de Rendas, de Santo Amaro, a partir de 7 de março de 1836. Com a transferência dessa Mesa de Rendas para Laranjeiras, em 11 de janeiro de 1837, foi nomeado amanuense interino, sendo demitido em 4 de outubro desse ano. Logo foi promovido ao cargo de “patrão-mor” da Mesa de Rendas da Barra da Cidade, hoje Barra dos Coqueiros.[2]

Em 1847, o cidadão João Nepomuceno Borges morava em São Cristóvão, no ‘quarteirão n. 19’, mais precisamente na atual rua João Bebe-Água. Essa rua chamava-se rua do Varadouro até o advento da República (15/11/1889), quando foi rebatizada “rua da Nova Constituição”. Na data da Mudança da Capital (17/03/1855), João Bebe-Água era proprietário de quitanda.

Otimista, João Bebe-Água mudou de ocupação depois da falência nos negócios. Trabalhou como fiscal da Câmara de Vereadores de São Cristóvão, por volta de 1872 [3], e arrendou terras de um sítio nos arredores do povoado Caípe.

Durante os anos que sucederam à transferência da capital, o jacobino sancristovense manteve o juramento de não pisar em Aracaju, período que observou piamente suas obrigações religiosas. João Nepomuceno Borges era membro da Irmandade do Amparo dos Homens Pardos, freqüentando a igreja do orago regularmente. Nessa irmandade ele desempenhou quase todas as funções: foi sineiro, zelador, sacristão, tesoureiro, avalista e procurador.

O homem simples gozava de prestígio na sociedade sancristovense. Era vereador em 1864, cargo não-remunerado na época. O termo de sua posse (29/09) revela que o membro do Partido Liberal era vereador re-eleito.[4]

João Nepomuceno Borges atuava como juiz de paz em 1893. Manuel dos Passos de Oliveira Teles, juiz de órfãos de São Cristóvão, na época, afirmou ter conhecido João Bebe-Água e garante que ele “não foi louco, não foi um mendigo, era um resignado”.[5]

Tais evidências levam a refletir o quanto a imagem depreciativa de João Bebe-Água veiculada pelos seus adversários políticos deve ser ponderada. Independente de tudo e de todos, no mínimo, sua inconformidade merece admiração e o reconhecimento póstumo.

O símbolo maior da sancristovidade (amor a São Cristóvão) faleceu em 1895.


* Palestra concedida na primeira edição do CICLO DE PALESTRAS CONHECENDO NOSSA HISTÓRIA.
** Thiago Fragata é coordenador da Comissão Pró-candidatura da Praça São Francisco, de São Cristóvão, a Patrimônio da Humanidade; pós-graduando em História Cultural (UFS) e membro da ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE). E-mail: thiagofragata@gmail.com

REFERÊNCIAS DE PESQUISA
1 – SILVA, José Calasans Brandão da. Aracaju e outros temas sergipanos. Aracaju: Fundesc, 1990.
2 - SOBRINHO, Sebrão. Fragmentos da História de Sergipe. Aracaju: Liv. Regina, 1972, p. 97.
3 - FRANCO, Augusto Pereira. Compilações das leis provinciais de Sergipe – 1835 a 1880. Aracaju: Typ. de Francisco das Chagas Lima, s/d, vol. II, p. 301.
4 - Arquivo da Prefeitura Municipal de São Cristóvão. Livro de Eleição do Câmara Municipal - 1848/1893. Manuscrito.
5 - TELES, Manuel dos Passos de Oliveira. João Bebe-Água. In: __. Sergipenses. Aracaju: Typ. d’O Estado de Sergipe, 1896, p. 61.

SENHOR DOS PASSOS EM CORDEL

Por Thiago Fragata

Luiz Melo Santos, alguém conhece esse autor sergipano? Professor aposentado da Universidade de Londrina, Luiz Melo mora em Londres, Inglaterra, mas continua apaixonado pela sua terra natal, prova seu último cordel: O milagroso Senhor do Passos de São Cristóvão/SE.

Não estou falando de um estreante, o poeta tem mais de 30 livros publicados, entre cordel e poesia, infelizmente poucos chegaram à terra natal. Pedaços do coração, Variações em preto e branco, A Porta da Frente, estes poderão ser consultados na Biblioteca Pública Municipal Lourival Baptista, de São Cristóvão. Tem um verso de A Porta da Frente, que bem traduz a relação inspiradora que a musa quatri-centenária exerce sobre o escritor: “São Cristóvão é amor para toda vida”. (1989, p. 56)

Aos interessados em adquirir o cordel, O milagroso Senhor do Passos de São Cristóvão/SE, romeiros e amantes dos cordéis, recomendo procurar Aparecida, simpática irmã do Luiz Melo, na Igreja do Amparo. Ah! Luiz Melo é filho de outro poeta, Manoel Ferreira. Evoé!

PÓS-SCRIPTUM
Entrevista com Luiz Melo Santos:
http://www.uel.br/portaldoaposentado/Entrevista/entrevista_40.php



ARMINDO PEREIRA: CONTISTA E ROMANCISTA INÉDITO EM SERGIPE

POR GILFRANCISCO* - gilfrancisco.santos@gmail.com Ficcionista sergipano, Armindo Pereira (1922-2001) nasceu com a literatura nas veias, vá...