Patrimônio está no centro do debate

Vista da Praça São Francisco

Os maiores especialistas em preservação de patrimônio do mundo estão em Brasília para a reunião anual da Unesco, que será realizada até domingo. A cidade, inscrita na lista de locais protegidos pela organização desde 1987, recebe o evento no ano de seu cinquentenário. Para discutir os desafios de preservar o projeto original da capital federal e o patrimônio mundial moderno, o Correio Braziliense realiza hoje à noite um debate que vai reunir grandes especialistas na área. A iniciativa faz parte do projeto Dois Pontos, realizado mensalmente pelo Correio.

O encontro será mediado pela jornalista Conceição Freitas e contará com a presença do diretor do Centro de Patrimônio Mundial da Unesco, Francesco Bandarin; do presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida; e de Sylvia Ficher, mestra em preservação histórica e professora da Universidade de Brasília. O debate será no auditório do jornal, a partir das 19h, e as inscrições são gratuitas.

A reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, no Brasília Alvorada Hotel, entra a partir de amanhã em uma fase decisiva. Os especialistas vão começar a analisar os pedidos de novas inscrições na lista de locais classificados como Patrimônio Mundial da Humanidade. Os técnicos e representantes da Unesco terão que avaliar 39 candidaturas apresentadas por 33 países. O Brasil só tem um concorrente na disputa. O governo quer inscrever a Praça de São Francisco, em São Cristóvão (Sergipe), como o mais novo sítio brasileiro classificado como patrimônio da humanidade. Hoje, o país conta com 17 representantes na lista. Ao todo, 890 cidades, monumentos ou parques ecológicos do mundo recebem essa classificação.

O município de São Cristóvão foi fundado em 1589 e, poucas décadas depois, os franciscanos chegaram à região e influenciaram de forma decisiva na arquitetura da cidade, que tem como ponto turístico mais importante a Praça de São Francisco. A mobilização para transformá-la em patrimônio mundial começou há mais de dois anos e conta com apoio da sociedade e dos governos local e federal. A expectativa da população do município é a de que a inscrição na lista da Unesco trará turistas e investimentos importantes para a região.

RECONHECIMENTO

O historiador Thiago Fragata dirige o Museu Histórico de Sergipe, sediado na Praça São Francisco. Em 2008, ele ajudou na criação do Comitê de Defesa da Candidatura de São Cristóvão e desde então briga pelo reconhecimento da praça. “Estamos mobilizando entidades e pessoas para essa luta. Atuamos na divulgação da candidatura, mostrando que a praça representa uma importante herança colonial”, explica Thiago. “Essa chancela da Unesco colocaria Sergipe no roteiro do turismo internacional, como um estado com um patrimônio cultural excepcional, relevante para toda a humanidade”, justifica o historiador, que criou um blog para divulgar a campanha e para mostrar as últimas notícias sobre a reunião da Unesco. Ele pretende vir a Brasília no fim da semana para acompanhar os últimos e decisivos dias da reunião.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Luiz Fernando de Almeida, também atuam na defesa da candidatura do único sítio brasileiro entre os 39 concorrentes. “A Praça de São Francisco representa a arquitetura barroca e é também um testemunho material importante da época da União Ibérica”, explica o presidente do Iphan.

Luiz Fernando comemorou ainda o fato de não haver nenhum sítio brasileiro entre os 31 incluídos na lista dos locais que correm o risco de perder o título da Unesco. “É um fato a se comemorar, mas representa para nós um desafio em manter a preservação, protegendo o entorno das áreas classificadas como patrimônio para reduzir a pressão”, acrescentou o presidente do Iphan.

Apesar da expectativa pela inclusão da Praça de São Francisco entre os novos bens protegidos pela Unesco, o Correio apurou que o local não faz parte da lista dos 10 concorrentes previamente aprovados pelos órgãos consultivos ligados à organização. Isso não significa que o município sergipano já esteja fora da disputa, mas a candidatura não teve o aval prévio dos especialistas que avaliam as candidaturas apresentadas pelos países. A inclusão depende agora da opinião dos representantes da Unesco.

FONTE:

Correio Braziliense, 28/07/2010

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